Com alguma sorte, estaremos livres de Lula em:

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Sem seriedade não há movimento

“Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado”
-Paulo Francis

Minha professora do primário costumava dizer: “quando forem votar, prestem atenção nas propostas dos candidatos”. Ela sabia das coisas, e, apesar do primarismo de sua afirmação, ela tinha razão. O senso comum, às vezes, tem razão. Devemos prestar atenção nas propostas dos candidatos. Muitos não fazem isso, ignoram até o senso comum, muitos votam em qualquer um, sem nem saber suas propostas. Outros, pior, não sabem sequer o que é proposta. E assim se arrasta nosso país.

A chapa única que concorre à coordenação da Enecos, “Sem tesão não há movimento”, por exemplo, tem as seguintes “propostas”: pela democratização da Comunicação, por uma universidade pública, gratuita e de qualidade e por um movimento estudantil independente e democrático. Isso não é proposta. Propostas são, resumidamente, sugestões de caminhos a serem seguidos com o intuito de se atingir um determinado objetivo. Estes seriam, mesmo que risíveis, seus objetivos, não suas propostas. É como se nas campanhas eleitorais os políticos se limitassem a proferir: “pela erradicação da miséria”, “pela melhoria dos hospitais públicos” e “por educação pública, universal e de qualidade”. Veja que ridículo. Na verdade, muitos só fazem isso. São tão ingênuos ou mal intencionados quanto o pessoal do “Sem tesão não há movimento”. Eles dizem qualquer coisa, são só palavras. Não precisa sequer ter qualquer relação com a realidade. É só falar palavras bonitas. O pessoal da Enecos faz isso porque não importa: o “Sem tesão não há movimento”, com proposta ou não, certamente será eleito.

Eles gostam de falar em democracia, mas será que isso é democracia? É democrático uma chapa única se eleger sem nenhuma proposta concreta e palpável? “Sim”, dirão os idiotas da objetividade, “eles necessitam de quorum mínimo para se eleger”. Mas meu pobre amigo, democracia não se trata disso. Democracia não se trata de colocar meia dúzia para votar que está tudo bem, já é “democrático”. Democracia é liberdade de expressão, é amadurecimento do eleitorado, é rotatividade, é conflito de opiniões e ideologias. Agora eu pergunto: como pode um movimento que não sabe nem se democratizar querer “democratizar” toda a comunicação, seja lá o que isso signifique? É de fazer rir, ou melhor, é de dar pena.

Dou toda razão àqueles que se recusam o participar do movimento estudantil. Eles estão certos. Isso é uma esculhambação, merece ser desmoralizado, merece ser criminalizado. Ele parece servir apenas para reunir alguns estudantes e para, de vez em quando, fazer uma baderna. Nada mais. Nada de melhoria nenhuma. Do jeito que fazem, não.

Mas não serei totalmente injusto. Já vi algumas coisas boas produzidas por eles, muito poucas. Nem a língua portuguesa, representação máxima de nossa cultura, eles respeitam. Degeneram-na de todas as formas em prol de uma ideologia que não vale uma arroba.

Somos jovens, meus caros. Tesão não nos falta. O que lhes falta é seriedade. E nada de vocês parece ser sério. Sem seriedade não se vai a lugar nenhum. “Sem seriedade não há movimento” deveria ser o slogan do movimento estudantil. Não sabem como se faz isso? Por que não perguntam a minha antiga professora do primário.

18 comentários:

Francisco Bezerra disse...

Valeu, Diogo! Foi prevendo esse tipo de comentário que coloquei, lá em cima, aquela citação, do grande Paulo Francis. Críticas são críticas, e não podem ser imparciais. Por tanto, repito o que já disse outras vezes: se os ofendi, foi com melhor das intenções.

Alessandra Dutra disse...

Muito me estranha você está indignado com tal situação.Era de se esperar...vc mesmo ao tentar se elerger como delegado não apresentou nada(porque queria ser eleito)- soh chegou na sala e "mostrou" os candidados...pediu voto.E o que mais?Nada.Nem explicou de fato essa função a que vislumbrava alcançar...
O texto poderia ter sido melhor,mais a emoção impediu a progressão do mesmo.

Unknown disse...

Oi

Sou André, membro da chapa Sem Tesão Não Há Movimento, estudante de publicidade da Universidade Federal do Ceará. Cara, depois de algum tempo discutindo via internet, percebi que não é o melhor espaço, gostaria de ver você defendendo suas críticas ao vivo. Por isso, convido você a participar do Congresso Brasileiro dos Estudantes de Comunicação Social, o COBRECOS, que vai acontecer em Alagoas. Assim, poderíamos ver quem é sério e quem não é, discutiríamos o conceito de democracia. Existem argumentos seus sem nenhum fundamento. Não se esqueça de ler muitos livros, porque eu garanto que existem pessoas muito boas entre nós e com a melhor das intenções, que leram vários livros e participam de vários espaços. Recomendo que, se você aceitar meu convite, comece a ler muito. É lendo que se atinge o bom senso.

Abraço

Unknown disse...

Oi Francisco, eu sou o Henrique estudante de jornalismo do Mackenzie, de São Paulo, e regional da Sem Tewsão em São Paulo. Não questiono seu posicionamento quanto a nossa chapa, a falar da "fragilidade das nossas propostas" mas acho engraçado, você que cita Paulo Francis fazer algumas críticas bem deslocadas da realidade, por exemplo você por acaso sabe por que só uma chapa concorre as eleições da ENECOS esse ano? Você sabe que outras grupos que atuam dentro do movimento de comunicação tentaram montar uma chapa e não conseguiram? Você sabe que esse discurso de que o movimento estudantil deveria ser criminalizado é muito engraçado quando vem de estudantes que só procuram sua entidade de base para tomar cerveja, fumar um baseado ou jogar sinuca, ATITUDE QUE NÃO CONDENO, mas se o estudante tem essa postura de cliente com seu D.A ou C.A não deve pedir por democracia, deveria ir ao Procom. E mais de você acha que estamos errado endosso o convite do André vamos dialogar no Cobrecos em Macéio, e tenho certeza de que sua seriedade vai conquistar vários adeptos para defender suas posições com você. Abraço.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Franciso, fecha a porra dessa caixa de comentários. O que me leva a entrar pouquíssimas vezes nesse blog são esses comentários de militantes-cabaço cheios de falsa amistosidade, empulhação e convites frouxos que fazem eu me sentir menos desafiado do que quando jogo video-game. E o rapazinho ali em cima ainda pintou a imagem das "pessoas muito boas" que "leram vários livros (firula, nem sabe o que é papel) e PARTICIPAM DE VÁRIOS ESPAÇOS". Este deveria era ser um blog pra quem sabe o significado da palavra witness e não participa de nada.

Unknown disse...

É fechando o diálogo que vocês querem discutir democracia?

Cara, meu convite não é frouxo não. Entretanto, ele vai ser delegado no COBRECOS, segundo me disseram. E como ele questionou a seriedade do movimento, creio eu, que ele será sério e não vai deixar de ir ao COBRECOS. Encontro você lá.

Vai ser legal.

Francisco Bezerra disse...

Ronald, tu tens razão: eu deveria era fechar, mas democraticamente, essa caixa de comentários. Um cara da Enecos que vem me dizer que há no “movimento” deles pessoas bem intencionadas, “que leram vários livros” e que por isso, ah! e por participarem de “vários espaços” também, são “muito boas” e tal, não deve entender de muita coisa mesmo. Percebe-se logo isso pela “fundamentação” que faz ao criticar o fundamento da minha crítica. Tem a profundidade de uma formiga com água até o joelho - que me desculpe Nelson Rodrigues. E o outro que vem me dizer que minhas críticas são deslocadas da realidade, para depois me falar de coisas bem “realistas”, mas totalmente deslocadas, como estudantes que procuram suas “entidades base” (rs) para fumar baseado, beber cerveja e jogar sinuca. O que eu tenho a ver com esses maconheiros alcoólatras jogadores de sinuca? Ao contrário de você, sr Henrique, condeno essas “atitudes”, e nunca precisei de “entidade base” nenhuma para jogar sinuca, coisa que faço às vezes, confesso. Que besteira! Esses caras me desanimaram. Estou quase desistindo de ir para esse Cobrecos. O pior é a arrogância de um deles em me mandar, veja só, ler muitos livros. Rapaz, que eu tenho que ler muito ainda, eu sei. Não me acho nenhum sabichão nem muito menos o dono da verdade. E, por último, discordo novamente de vocês, senhores “sem tesão não há movimento”, se leitura levasse ao bom senso os militantes que “leram vários livros” de vocês já teriam atingido-o.

Francisco Bezerra disse...

Os fins justificam os meios, minha cara Alessandra. Poderei até ser mal interpretado por citar tão cretinamente essa frase, mas ela explica quase tudo.

Aline Queiroga disse...

Não sou muito de comentar. Tento apenas observar. Porém, aqui há algo que apeteceu-me tanto a ponto de fazer-me postar uma opinião.
Na verdade, são várias. A primeira diz respeito ao meu posicionamento em relação à idéia do texto. Digo que meu nobilíssimo companheiro de curso e, creio eu, amigo Francisco está com toda a razão. Não vejo o empenho necessário daqueles que se dizem engajados em uma causa a fim de que os seus anseios sejam realmente atendidos. É mais baderna que qualquer outra coisa, diga-se, por grande parte dos componentes.
Segundo, acho que há aqui uma balança desnecessária e ineficiente. Querem provar quem leu mais, ou quem está mais apto a falar disso ou daquilo, ou que o outro é incapaz de ensaiar um bom pensamento. Nada mais imaturo. Leia-se o que se quiser, o autor que lhe for de agrado. Enfim, é uma tremenda perda de tempo essa briguinha ridícula de comparação de "nível de intelectualidade".
E, por último, quero ressaltar meu desgosto por ver os rumos da discussão de um texto com tantos aspectos (realmente interessantes) a serem abordados tomarem direções demasiado pessoais. Parece-me que as pessoas ainda não perderam o hábito de assistir e discutor a novela das oito.

Ciso di Belle disse...

Chico, pelo amor de nosso Senhor, vá a Maceió. Já sei que vou gargalhar inúmeras vezes quando voltares. Como bem disse Ronald: esses caras não sabem nem o que é papel.

Unknown disse...

Vocês são muito engraçados
hehehehe

Unknown disse...

Oi Francisco! Sou a Carol , da PUC-Rio, membro do Sem Tesão Não Há Movimento. Não resisti e vim deixar algumas considerações com base em algumas coisas que você escreveu. Ok? Espero, sinceramente, que não fique chateado.
Considero que você foi feliz ao falar sobre o que seria uma proposta, mas sua infelicidade ao dizer "são tão ingênuos ou mal intencionados quanto o pessoal do “Sem tesão não há movimento”" desqualificou todo o seu texto. Com base em quê fazes uma afirmação tão séria como esta? (e não cite o coitado do Paulo Francis para se justificar!).
Continuando: você perguntou "É democrático uma chapa única se eleger sem nenhuma proposta concreta e palpável?". Agora eu te pergunto: o que vc sabe sobre democracia? Visitei seu orkut para saber se você era só mais um burguês falando mal daqueles que arregaçam as mangas e de fato trabalham, e não me suerpreendi ao ver que você contempla comunidades como "Veja", "Diogo Mainardi", "Olavo de Carvalho" e "Arnaldo Jabor". É lendo Veja e se inspirando nestas pessoas que você construiu seu conceito de democracia?
Outra perguntinha sua: "como pode um movimento que não sabe nem se democratizar querer “democratizar” toda a comunicação, seja lá o que isso signifique?". Por que vc diz que nosso movimento não é democrático? porque teríamos dificuldade em aceitar você na nossa chapa? seria isso? Francisco, um movimento tem que ter um mínimo de afinidade política para lutar por coisas comuns. Vc não tem um entedimento mínimo de política e de movimento estudantil? Não é preciso ler mto para saber coisas básicas.
Por fim, vc escreveu que "tesão não nos falta. O que lhes falta é seriedade". Na minha opinião, uma coisa não anula a outra e, portanto, seu trocadilho foi péssimo.
Espero que nos conheçamos em Maceió. Eu sou um tanto simpática e, pelo jeito, vc só gosta de gente séria. Mas, de qualquer forma, me apresentarei. Ok?
Bjos pra vc e para todos!!!

OBS: Para você, "nem a língua portuguesa, representação máxima de nossa cultura, eles respeitam". Fiz uma revisão básica no texto para ser educada, mas podemos conversar um dia sobre o que é cultura e o que ela representa na nossa sociedade.

Francisco Bezerra disse...

Pelo jeito alguém aqui está querendo bancar a engraçadinha ou não entendeu nada do que eu escrevi. “Visitei seu orkut para saber se você era só mais um burguês falando mal daqueles que arregaçam as mangas e de fato trabalham” foi ótima. É engraçado uma estudante da PUC vim me chamar – eu, uma pobre estudante do Maranhão - de burguês. Isso me deu motivo para uma boa risada, e rir é muito bom. Se você não gostou do meu “trocadilho” ou de nada do texto, querida, vamos combinar o seguinte, então: eu paro de escrever e vocês param de querer “arregaçar as mangas”, tudo bem? Ok? Faríamos ambos um grande favor à humanidade, à língua portuguesa, à cultura... Seria uma maravilha. Parou a brincadeirinha agora. Carol, tira essas interrogações daí, por favor. Eu não quero que você diga “vc não tem um entedimento mínimo de política e de movimento estudantil?”, vamos para com essa balela. Eu quero que você diga “vc não tem um entendimento mínimo de política e de movimento estudantil”, ponto, e me diga porque. É difícil isso? Vamos lá, senhores, afirmem categoricamente que vocês são os salvadores do mundo e que eu não sei de nada. Vocês querem fazer isso, por que não fazem? Parem de falar besteiras. Deixem dessa amistosidade hipócrita. É “vamos conversar” daqui “nos vemos em Maceió” de lá. Já estou ficando de saco cheio de ter que ler esses comentários de vocês. Vamos nos esforçar, senhores.

Ciso di Belle disse...

"...não me suerpreendi ao ver que você contempla comunidades como 'Veja', 'Diogo Mainardi', 'Olavo de Carvalho' e 'Arnaldo Jabor'. É lendo Veja e se inspirando nestas pessoas que você construiu seu conceito de democracia?"



Eu realmente não entendi isso. O que você lê, Carol? Ferréz? Emir Sader?

Ciso di Belle disse...

Para o colega que nos acha engraçado: somos realmente muito engraçados. Ficamos felizes em contribuir para sorrisos. Nos divertimos muito também, analisando as patatóias de vocês.

Unknown disse...

Oi Francisco.. td bem?
Só vou pontuar algumas coisas. Ok? E novamente digo: "espero, sinceramente, que não fique chateado".
1 - Sou bolsista (100%) na PUC-Rio.
2 - Eu não estava de brincadeirinha, o que significa que críticas aparentemente bem-humoradas não são, necessariamente, deboches.
3 - Eu não vou utilizar ponto final em vez de interrogação porque eu não te conheço, logo não posso afirmar nada sobre vc. Um exemplo ruím de se fazer afirmações aleatórias, sem conhecimento prévio das coisas, foi o fato de vc relacionar minha condição social ao fato de eu estudar na PUC.
4 - "Salvadores da pátria", jamais Francisco. Não mesmo.
5 - "Amistosidade hipócrita" também não. Pelo menos não da minha parte.

Bjos