Com alguma sorte, estaremos livres de Lula em:

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Entrevista - Wellington Lima


Wellington Lima Silva Júnior é formado em Direito pela UFMA e trabalhou como tradutor na visita de Chávez ao Maranhão. Conversamos um pouco com ele - na foto, com a medalha de mérito (?!) dada a Chávez por Jackson Lago - para saber quais foram suas impressões sobre a passagem do ditador venezuelano à ilha e detalhes da visão privilegiada que teve dos acontecimentos.

Nhoque Nhoque - O que mais lhe chamou atenção no tempo em que passou na presença de Chávez e sua comitiva?

Wellington Lima - Foi o tamanho dela, é imensa. Ela é composta de funcionários da presidência, militares, jornalistas e cozinheiros, muita gente mesmo. Fiquei surpreso com a beleza do palácio. Aquilo ali é lindo, nunca tinha entrado nele, recomendo a visita. Também fiquei surpreso com o esquema de segurança montado pelo governo do Estado: foi bem forte. Tinha um fuzil da polícia civil cuja bala era do tamanho do meu dedo, estraçalha qualquer um. São várias equipes. Quem trabalhou em Recife não trabalhou nem aqui nem em Belém. Uma equipe grande para cada cidade, além do pessoal que viaja com ele.

Nhoque Nhoque - Jornalistas? Na comitiva?

Wellington Lima - Não sei se jornalistas vão junto com ele, mas alguns seguranças andam colados com Chávez.

Nhoque Nhoque - Como a comitiva de Chávez recebeu vocês?

Wellington Lima - Da melhor maneira possível, foram super simpáticos. Tirei até foto com alguns deles, conversamos bastante.

Nhoque NhoqueSobre o quê? Mulheres? Futebol?

Wellington Lima - Fora os diálogos pertinentes ao trabalho ali desenvolvido, conversamos sobre a Venezuela, sobre viagens, sobre São Luís, questões profissionais, diversos assuntos. Futebol não, mas sobre mulheres sim, mas foi só com um e na hora do almoço.

Nhoque NhoqueVocê teve algum contato direto com Chávez?

Wellington Lima – Sim. Eu iria fazer a tradução simultênea, mas logo fui mudado de função. Ele não gosta de traduções em seus discursos. Depois um venezuelano me disse que ninguém traduz Chávez. Quando ele saiu do balcão, passou perto de mim e tirei uma foto dele, depois, no jardim do palácio, falei um pouco com ele.

Nhoque NhoqueMulheres? Futebol?

Wellington Lima – Não, falei algo relacionado com o discurso que ele havia feito no salão de atos do palácio. Ele havia dito que não considera que haja diferença entre brasileiros, peruanos, chilenos, venezuelanos. Todos nós fazemos parte de apenas uma nação: a latino-americana. Eu peguei o embalo e falei para ele o seguinte: "Presidente, Che Guevara dijo una vez que 'somos todos una sóla raza mestiza, desde el México hasta el estrecho de Magallanes', somos todos iguales, presidente". E ele respondeu: "Sí, y fuertes, muy fuertes”. Foi só isso mesmo. Ele estava indo em direção ao salão onde estava sendo servida a refeição e não podia ficar ali batendo papo comigo, além de já estar atrasado para o compromisso dele em Belém.

Nhoque NhoqueEle deve ter pensado: “Putz! Como não lembrei dessa frase do Guevara!”.

Wellington Lima – Com certeza, encaixa-se como uma luva no discurso dele.

Nhoque NhoqueIsso aí. Qual foi a sensação de ter dirigido essas poucas palavras a Chávez? Febre? Indisposição?

Wellington Lima – Não, alegria mesmo, do tipo: "caramba! falei com um presidente!". Foi emocionante. Politicamente falando, discordo dele, mas nunca estive tão perto de um chefe de Estado. Fiquei muito contente.

Nhoque NhoqueO que você achou do assédio que o ditador, ops!, que o presidente Chávez recebeu na chegada ao Palácio os Leões?

Wellington Lima – Foi um pouco preocupante, ele saltou do carro antes de chegar ao palácio. Vai que um doido qualquer atira nele ou mete uma faca? Ia ficar feio para nós do Maranhão.

Nhoque NhoqueCom certeza. Ele viraria um mártir. E o pior, um mártir bolivariano. E os maranhenses iriam ser acusados disso, não é? Já estaria até vendo as camisas vermelhas com o rosto de Chávez estampado.

Wellington Lima - Pior que sim. Em todo lugar que ele vai, atrai bastante gente, o pessoal da comitiva me disse isso.

Nhoque NhoqueSe lhe fosse dado mais algum tempo e você pudesse falar o que quisesse com Chávez, o que você falaria?

Wellington Lima - Sinceramente, não sei. A frase que eu disse para Chávez já estava na minha cabeça, desde a manhã, e ela se encaixou perfeitamente do contexto. Provavelmente, seria bastante democrático, agradeceria pela visita, perguntaria o que ele estava achando da cidade, coisa do tipo.

Nhoque NhoqueMas estamos conjeturando. Nada real. Nem assim você falaria algo como: "Volte para seu país!" ou "Ditador!" ou "Volte para seu país, ditador"?

Wellington Lima - De jeito nenhum, estava ali para trabalhar. Como disse para um amigo meu, que achou contraditório um direitista trabalhar na visita de um dos maiores ícones atuais da esquerda: "negócios são negócios, ideologia não enche barriga".

4 comentários:

Unknown disse...

Caro Francisco, aproveitando o ensejo da foto, deve-se destacar os presentes dados pelos venezuelanos para Jackson: o Chávez deu essa medalha e uma estátua de bronze de Bolívar, além de livros sobre a Venezuela e sobre Bolívar presenteados por uns governadores estaduais da Venezuela que também visitaram São Luís, uns 2 ou 3, mas não tive contatos com eles. Como fiquei um bom tempo junto com o pessoal do cerimonial da presidencia venezuelana, pude ver esses presentes de perto. Jackson também deu uns presentes para Chávez, mas eles ficaram em um setor diferente do meu, pelo o que eu ouvi no palácio, eles faziam referência à cultura maranhense, tais como CDs de artitas locais, entre outras coisas.
Também gostaria de lembrar que outras cinco pessoas, todas bastante competentes, também trabalharam como tradutores nessa visita presidencial.

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francisco Bezerra disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Francisco Bezerra disse...

Obrigado pela correção, Wellington. Eu realmente me enganei. No editorial de "O Imparcial" de sexta-feira consta que o governador Jackson Lago também teria dado uma medalha a Hugo Chávez. Isso me fez confudir uma coisa com a outra.