Com alguma sorte, estaremos livres de Lula em:

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Haddad, o Lênin engomadinho da UnB

Do blog de Reinaldo Azevedo

Os invasores da reitoria da Universidade de Brasília começam a desocupar o prédio amanhã. Não era pra menos. Roberto Aguiar, o reitor temporário, assinou um documento se comprometendo a atender a todas as reivindicações da turma. Logo, o nome do documento é rendição, já que o “acordo” foi feito com Paris ocupada, se é que você me entendem.

Fernando Haddad, saudado aqui e ali como um grande ministro da educação, coisa de que discordo de modo absoluto, pode ter dado à luz a forma mais chucra e rasteira de movimento estudantil. A causa original da mobilização era boa? Era, sim. O seu desdobramento pode ser desastroso para as universidades federais — de fato, para as universidades públicas.

Só não está resolvida a questão da paridade dos votos de alunos, funcionários e professores na já indecente eleição direta para reitor. É a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) que estabelece que “os docentes ocuparão 70% dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações (...) da escolha de dirigentes”. A UnB não tem poder legal para mudar a regra

Mas o “socialista” Haddad — assim ele se diz em livro — já apresentou a solução: a universidade faria consulta informal paritária, e os professores acatariam as escolhas. Entenderam o modelo? Os professores seriam bonecos de mamulengo das facções radicalizadas dos estudantes — que são as que se mobilizam para esse tipo de coisa.

A solução tem a cara de Haddad, um esquerdista de fala mansa, com ar ideologicamente asseado. Embora ela possa escrever numa linguagem herbívora, as suas intenções são carnívoras. Num livro publicado há menos de quatro anos — Trabalho e Linguagem – Para a Renovação do Socialismo — é capaz de afirmar coisas como (os destaques foram publicados na revista Época): “O sistema soviético nada tinha de reacionário. Trata-se de uma manifestação absolutamente moderna frente à expansão do império do capital”. Fazendo um pastiche vagabundo de Marx, sentencia sobre o passado, o presente e o futuro: “Sob o capital, os vermes do passado, por vezes prenhes de falsas promessas, e os germes de um futuro que não vinga concorrem para convalidar o presente, enredado numa eterna reprodução ampliada de si mesmo, e que, ao se tornar finalmente onipresente, pretende arrogantemente anular a própria história. Esse é o desafio que se põe aos socialistas. A tarefa, 150 anos atrás, parecia bem mais fácil”.

É pouco? Sabem o MST, este que está aí, ameaçando a produção com táticas terroristas? Haddad também pensa algo a respeito da turma: “Trata-se de um movimento que mudou completamente a pauta clássica de reivindicações: ele não reclama maior remuneração ou menor jornada, nem tampouco favores do Estado. (...) Revolucionariamente, o MST quer crédito, apoio técnico e autonomia. (...) São iniciativas dessa natureza, progressivas em todas as dimensões da vida social, que devem sempre chamar a atenção dos socialistas e lhes servir de inspiração para sua conduta política”.

Qual e a importância dos revolucionários de gabinete, como Haddad, com seu arzinho estouvado de filho das “classes superiores”? Fora do poder, nenhuma. Imaginem se alguém o levaria a sério como teórico. No poder, ele dá curso a maluquices como esta da UnB. A cobrança, justa, para que o Timothy Mulholland renunciasse degenerou na entrega do comando da UnB à militância mais atrasada, mais bronca, mais delirante.

4 comentários:

Unknown disse...

Uma pergunta: Há varios textos você vem falando contra a pariedade dos estudantes, mais será que a participação estudantil dentro da universidade é tão ruim assim???

Respondendo por fazer parte de um CA que tenta fazer muito diferente de todos os que vocês conhecem(CAMAR), acho que a participação responsável dos estudantes nos conselhos, sem levar partidarismos e propositiva é possivel e muito importante para o desenvolvimento da universidade...
convido todos à visitar a medicina e conhecer um pouco como agente trabalha essa "gestão acadêmica" da Universidade

Unknown disse...

Esse nem precisa aceitar, mais por que os comentários tem que ser aprovados pelo autor do blog??

Francisco Bezerra disse...

É uma moderação preventiva, mas inoperante, Anderson. Nunca recusei um comentário sequer. E procuro responder a todos, sempre que tenho paciência. A equivalência nos pesos dos votos na universidade é ruim, sim. Não vou me estender muito. Só vou lhe dizer uma coisa: que bom que vocês fazem uma boa gestão aí no CAMAR, mas a política serve para coibir o lado mal do homem e não para permitir que ele exiba seu lado mais esplêndido, generoso, apartidário e propositivo.

Caio Andrade disse...

A moderação de comentários foi adotada por estarmos recebendo muitos spams.