Resumo: É meu dever cívico fazer o papel desta oposição para legitimar o processo do plebiscito. ‘Vote a favor da perda de direitos dos trabalhadores! Vote a favor das altas cotas de luz! Vote a favor da privatização da Vale!’.
Nenhuma data melhor do que a “semana da pátria” para fazer apelos ao lado patriótico do bom brasileiro. Nesta semana, de 1 a 7 de setembro, a governista CUT – Central Única dos Trabalhadores – junto com a Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas – estará realizando um plebiscito que convocará o povo brasileiro para opinar sobre “importantes temas”. O plebiscito terá quatro perguntas, e certamente será usado pelas entidades para dar respaldo a suas bandeiras de luta. Mas para que isso ocorra com êxito, os astutos organizadores trataram de eliminar todos os empecilhos que pudessem atrapalhar seus planos. Seguem as perguntas que serão feitas:
1. Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce – patrimônio construído pelo povo brasileiro – foi fraudulentamente privatizada, ação que o governo (sic) e o poder judiciário podem anular. A vale (sic) deve continuar nas mãos do capital privado?
2. O governo (sic) deve continuar priorizando o pagamento dos juros da dívida externa e interna (sic), em vez de investir na melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro?
3. Você concorda que a energia elétrica continue sendo explorada pelo capital privado, com o povo pagando até 8 vezes mais que as grandes empresas?
4. Você concorda com uma reforma da previdência que retire direitos dos trabalhadores/as?
Qual cidadão em bom estado mental sairia de sua casa, numa bela tarde, para votar a favor da retirada de direitos dos trabalhadores? Quem diabos quer pagar contas de luz altas ou que o Governo não invista na melhoria das condições de vida e trabalho do povo brasileiro? Que nação não quer ter em suas mãos a segunda maior mineradora do mundo? Se o teor das perguntas fosse um empecilho, não é mais. A vitória já está garantida.
Outro entrave seria as opiniões contrárias, principalmente no que se refere à re-estatização da Vale, mas essas não existem. A divulgação do tal plebiscito se restringe a planfetadas no propício ambiente acadêmico, a propagandas nos meios de comunicação e em programas das entidades, dos partidos e de simpatizantes e a este blog, que lhes presta esse favor.
Todos, com raras exceções, fazem apologia aos ideais do plebiscito e das entidades e partidos que o promove. Não há oposição. E ainda chamam isso de democracia. Como pode haver democracia sem conflito, sem oposição? Em Cuba isto talvez seja possível, mas não em um país sério e alinhado com os valores democráticos.
Fernando Thompson, consultor de comunicação da CVRD, no 4o Congresso de Jornalistas e Radialistas do Maranhão, ao ser perguntado sobre o que os executivos da empresa pensam do assunto, respondeu, simplesmente: “A Vale acredita na democracia”. Para muitos pareceu simplória e demagoga, mas não havia melhor resposta a essa pergunta.
Se nem a Vale nem ninguém contrário a isso se manifesta, é meu dever cívico fazer o papel desta oposição para legitimar o processo do plebiscito, prestando-lhes outro favor. “Vote a favor da perda de direitos dos trabalhadores! Vote a favor das altas cotas de luz! Vote a favor da privatização da Vale!”. Pronto. Já cumpri minha obrigação.
Esta seria mais uma chanchada esquerdista, tal como as que eles estão acostumados a fazer, se essa tese de re-estatizações não refletisse o interesse de parte do PT. Todos sabem que ONGs ligadas a CUT já receberam milhões do Governo. E há projetos que prevêem a destinação de 120 milhões anuais a essas e outras organizações administradas por aliados do Governo. Ou seja, essa história pode se tornar séria.
3 comentários:
Mas o estado brasileiro, essa coisa que nos faz trabalhar para ele até o meio de maio todo ano, é "tão raquítico". Não adianta. Parece que na cabeça da esquerda nunca entrou que “O governo não é a solução. O governo é o problema” - Thomas Jefferson.
Ser de direta é colocar parte do poder político em grupos econômicos e é amar a liberdade que a humanidade desenvolveu e os EUA consolidou. Mas diga por aí que você ama os empresários e os EUA. É tido como louco.
A esquerda vacinou muito bem a nossa cultura contra o liberalismo econômico. Para uma pessoa poder se libertar do pensamento esquerdista do gigantismo estatal, a sociedade precisa se livrar de duas patologias intelectuais: a fobia a classe empresária, e o antiamericanismo.
Carteiras não são feitas para canhotos. Elas são adaptadas para canhotos. Por isso, se faltar carteira, é melhor se adaptar à "destreza" e ganhar um pouco mais, pois os objetivos são os mesmo, em quaisquer carteiras em que se esteja sentado.
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Luca
Caro sr. anônimo, essa foi a alegoria mais grosseira que eu tive o peculiar prazer de ler nesses últimos dias. Obrigado!
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