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sábado, 8 de março de 2008

151 anos de “8 de março”

Por Aline Louise*

Coisinha chata é esse tal 8 de março. Quando ele chega, a gente mal consegue dormir, não pode ler a caixa de e-mail sem que encontre algo melodramático e não agüenta mais ver a programação da TV cheia de homenagens chatas. É assim que todas as mulheres se sentem melhor por serem mulheres: por existir um dia internacionalmente só delas?

Antes de fazer qualquer juízo sobre a comemoração da data, é importante lembrar o porquê da escolha deste dia para celebrar o gênero feminino. O início se deu com um protesto pelas más condições de trabalho e salários desiguais entre mulheres e homens em 1857 (veja bem: século XIX). De lá para cá (passado mais de um século e meio), as conquistas do movimento feminista se consolidaram e as disparidades entre os sexos foram extintas.

Agora, fazendo meu julgamento a respeito do dia, particularmente acho desnecessário e entediante. A falta de necessidade se dá porque, como lembrado no parágrafo anterior, as diferenças entre gêneros no mercado de trabalho já não são mais preocupação. Elas inexistem. O fato é que ainda há aquelas garotas que não se deram conta de que o tempo passa e as mudanças fluem, o que lhes causa a impressão de que ainda “temos muito por que lutar pelo reconhecimento das mulheres no mundo”. Façam-me o favor, esse discurso já está tão ultrapassado que chega ser brega (ou não lhes vem à mente a imagem em preto e branco de uma mulher de cabelos longos, despenteados e sujos, gritando numa praça com um megafone acompanhada de outras figurinhas iguais a ela segurando cartazes?).

Já a parte do tédio chega em casa mesmo. Vou usar o exemplo deste ano. Estava dormindo quando chegou uma SMS no meu celular desejando um “Feliz dia da mulher” com muitas congratulações e caracteres risonhos; desliguei o aparelho e voltei a dormir; cerca de uma hora depois meu irmão de apenas 8 anos me acordou para fazer um café da manhã para mamãe porque “é dia da mulher, Aline!”; abri minha caixa de e-mail e lá estavam aquelas apresentações piegas que tentam me convencer do quanto a mulher é importante e superior; do Orkut nem comento; e, finalmente, sou recebida com uma enxurrada de janelinhas - piscando e fazendo aquele barulhinho irritante - com frases não muito diferentes das anteriores.

É incrível como ainda se dá tanta importância a algo que não existe mais. Não só inacreditável, mas extremamente chato. Até não acho mais graça em me contrapor a esse movimentozinho sem causa. Apenas faço de conta que não ouço nada, não leio as mensagens e espero que essa babaquice cesse o mais rápido possível.

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Aline, obrigado pelo texto e parabéns pelo Dia Internacional de Valorização das Mulheres no Mercado de Trabalho! Feliz Dia Internacional da Mulher!

*Aline Louise escreve regularmente em alinielouise.blogspot.com

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