Na primeira etapa, tudo bem. Usaram o termo certo para designar os estudantes aprovados nas cotas para negros, que é: "estudantes aprovados nas cotas para negros". Mas nos resultado final do vestibular, que saiu ontem, os radialistas da Universidade FM vieram de novo com essa história de "afro-descendentes". Pra não dizer que eu nunca falei sobre um assunto, segue, na íntegra, um texto publicado no meu extinto blog e na primeira edição do Nhoque Nhoque impresso:
Há alguns dias, foi publicada a relação dos aprovados na primeira etapa do vestibular da UFMA. Apesar de nela estar escrito, por exemplo, 'Resultado do Curso de Medicina Negro', os locutores da emissora de rádio que divulgou a lista usavam o termo 'afro-descendentes' para designar os aprovados pela cota de negros.
Essa diferença entre o que estava no papel e o que os eminentes radialistas preferiram dizer escancara uma indelével marca do preconceito que se encontra invariavelmente oculto em nossa sociedade; já que parte do seguinte pressuposto: chamar alguém de negro é ofensa.
Usava-se 'afro-descendentes' como um eufemismo, como se 'negro' fosse pejorativo. Isso é típico do Brasil.O Brasil medíocre dos eufemismos. O Brasil medíocre do preconceito.
Despautério maior, no tocante a minha pessoa, foi restringir apenas alguns como sendo afro-descendentes e, por conseguinte, excluir todas as outras pessoas que também fazem parte dessa nobre classificação, também filhos da pujante 'mama África': eu, você, sua mãe, os candidatos das escolas públicas, os candidatos das escolas particulares, os candidatos índios, os candidatos deficientes e até eles, os profissionais que cometeram tal ignomínia.
Eu me senti ofendido.Senti-me excluído.Senti-me preterido.Senti-me insultado.Só espero que, nas próximas vezes, nossos conspícuos radialistas não se esqueçam nem de mim, nem dos outros e nem de si mesmos.
No edital do vestibular desse ano, temos o seguinte:
"Ao inscrever-se, o candidato deverá fazer as seguintes opções:
a) A Categoria de vagas na qual deseja concorrer, ou seja, Universal ou Cotas, e respectiva modalidade desta última Categoria: escola pública, negro, índio ou portador de deficiência [...]"
Em outro trecho do edital, o termo usado é o mesmo:
"Os candidatos listados na relação indicada no item 31 deverão, dentro dos prazos indicados no item 46:
[...]
III. Submeter-se a entrevista, caso sejam optantes pela modalidade Negro da Categoria Cotas [...]"
Se a cotas fosse para afro-descendentes e o critério de escolha fosse a afro-descendência da pessoa, eu e toda a população brasileira teriamos o Direito de nos inscrevermos e sermos aceitos nas mencionadas cotas, já que, como eu falei anteriormente, temos impregnados em nossos costumes, na culinária, nos nossos hábitos e na linguagem, vários resquícios de nossa descendência africana.
Não banquem os politicamente corretos: a cota é para negros e o critério é o fenótipo. Por isso, vamos colocar os pingos nos is e falar direito. Senão no próximo texto serei menos moderado (temam, isso é uma ameaça) e o começarei da seguinte forma: "Os racistas da Rádio Universidade..."
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