Com alguma sorte, estaremos livres de Lula em:

quarta-feira, 7 de maio de 2008

"Confronto"? Sim, OK. E Invasão?

Quando ainda moleque, na 4ª série, lembro da minha professora comentando em sala uma invasão recente do MST. Dizia algo do tipo: "Gente, não vamos achar que o MST é um bando de baderneiros e bandidos, é gente muito pobre lutando pelo direito de ter uma terra para trabalhar."

Levei mais de 7 anos para tirar completamente essa merda da cabeça.

Hoje em dia, quando acontecem invasões como as da Fazenda Depósito, em Serra do Sol, recebo apenas informações oblíquas. Que, aliás, são mais do que suficientes. O invasor é quem invadiu, e o proprietário, a vítima, é quem tem a posse legal da terra. Pronto. Pode ser ação do MST, indígena, quilombola, ou pode até mesmo ser ação de 200 freirinhas esguias que, após passarem desastradas pelo arame farpado, tenham corrido, serelepes, segurando crucifixos com uma das mãos, e suspendendo os restos esfarrapados de suas vestes negras com a outra. Chama-se de "invasor" quem invadiu a propriedade e ao episódio refere-se por "invasão". Genial, não? Pois é... mas a mídia isenta da Folha Online parece não entender as coisas dessa forma. Para ela é só um inócuo e generalista "confronto".

Pior ainda. Estava eu aqui lendo:

"Os indígenas foram atacados ontem enquanto trabalhavam na construção de barracos."

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u399255.shtml

Aí você vê a imagem de índios trabalhando harmoniosa e pacificamente na construção de barracos quando foram surpreendidos pelos arrozeiros malvados que os "atacaram". Alguma palavra, em todo o corpo da matéria, sobre EM QUE LUGAR os índios estavam construindo esses barracos? Não!

P.S.: Outra coisa bacana é que em uma matéria anterior (http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u399120.shtml), a própria Folha diz que os índios estavam montando tendas, não construindo barracos.

4 comentários:

ImaGINE disse...

Falar em um caso isolado não vai esclarecer nada.É fato que o MST e outros movimentos que embasem esses "invasores" que tu citaste, não estão livre de corrupções, muitos dos que estão inseridos nesse quadro, principalmente gestores, não passam de oportunistas.
Mas o que falar do povo? Daquele que não tem terra, teto, nem condições dignas de trabalho e sobravivencia?
O que falar do índio, que teve sua cultura massacrada, sua terra, que ironia, invadida e sua identidade roubada?
O que falar então do grande proprietário? Que adquiriu sua terra na maioria das vezes por meio de grilagem? Não seria ele o invasor? O usurpador do direito de inúmeras famílias de viver condignamente?Esse mesmo que tu chamas de vítima.
É fácil falar quando deitamos sobre fronhas macias e cheirosas enquanto para alguns só restam jornais velhos e filhos gritando de fome.
A lei é falha, muito falha, pois dá mais valor a papéis que ao direito que cada um tem a uma vida digna, humana, porque em muitos casos já superou-se a humanidade desses que sofrem.
Não falemos de vítimas. Somos todos nós as vítimas do sistema que cada vez mais exclui quem possui pouco.
"Quando o primeiro homem, cercou o primeiro pedaço de terra e chamou-o de seu" instaurou-se a propriedade privada, segundo Rosseau, e veja até onde ela nos trouxe.
Se não restam alternativas, partamos ao combate. Quem sabe assim algo seja mudado.


Imaíra

Caio Andrade disse...

Imaíra,

Com um mínimo de experiência de vida, qualquer pessoa adquire uma certa coleção de argumentos. E mantendo as posições que mantenho, já vi esses seus despejados, sem qualquer critério, tantas e tantas vezes diante dos meus olhos que cansei.

Deixe aí essa coleção de brutalidades psicológicas acumuladas. Volte e medite um pouco sobre o que eu realmente escrevi, não sobre esse texto imaginário que você parece ter lido. Imagine-se tendo a responsabilidade de informar o público, você omitiria uma informação incoveniente, assim como a Folha omitiu?

Por enquanto, não vou responder nada, e vou continuar longe desse mundo de paralaxes histéricas entre fronhas macias, ok?

ImaGINE disse...

ok, respeito a tua opinião, tanto que não citei o fato em si, por não ter conhecimento, mas muita coisa foi generalizada.
Eu sei que é impossível analisar todas as partiularidades.
Mas não é necessário taxar tudo como ruim.

Não quis ser bruta, nem ofender, nem ser a dona da verdade, foi só um comentário a respeito do que penso e que acho "correto".

Unknown disse...

cainho, simplesmente amei. me acabo de rir, nao eh de admirar que nao muitas pessoas nos corredores de historia e filosofia sintam uma certa "aversao" pela sua pessoa.
so posso dizer que viva o capitalismo selvagem, conquanto que eu seja parte da elite burguesa dominante...
de fato a liberdade de expressao e liberdade de imprensa sao coisas muito muito legais...