Dia desses, passando pela Rua das Cajazeiras (São Luis - MA) , observei um pequeno panfleto colado a uma parede que dava suporte à parada de ônibus próxima ao Hospital Municipal Djalma Marques, mais conhecido pelo codinome Socorrão. Tamanha precisão na localização é para que, talvez, possa nortear algum leitor mais curioso e que deseje dar boas risadas – com motivo de sobra – onde encontre um texto mais adequado que este para tal fim.
Eu, que quase nunca rio de algo quando estou sozinha, peguei-me às gargalhadas ao ler aquele folheto. Desculpem-me a falta de senso, mas nenhuma outra reação caberia a mim ao ler algo do tipo: “Não existe liberdade, só existe exploração. (...) Pegue sua bandeira nacional, rasgue, queime e jogue no lixão!” Optei pela supressão de parte do texto tanto por motivos estéticos quanto pela ineficiência prematura de minha memória. Recheado de vocabulário chulo, agressivo e rimas pobres (não sei se mais pelo âmbito ideológico ou pelo literário – ão, ão, ão, ininterruptamente).
Minutos depois, um leitor atento e crítico, ao cogitar quem ou a que grupo pertenceria a pessoa que escreveu aquelas palavras que falavam pouco e convenciam menos ainda, passa a se perguntar se o autor realmente acreditou que aquilo aguçaria um espírito de revolta nos circulantes. Que, unidos por um sentimento comum de revolta, marchariam aos berros, tomariam o poder dos governantes e terminariam com uma festiva e desorganizada caminhada ao som de algum compositor-revolucionário até o quartel do Bairro de Fátima, onde, por fim, tomariam posse das armas dos militares? E, pronto, teriam feito a sonhada revolução!
Este foi o seu raciocínio simplório, mas demasiado pretensioso.
Procurando entender, seriamente, quais eram os objetivos estabelecidos para a dispersão de tais idéias, não se demora mais que o tempo necessário para completar o trajeto dali até a sua casa para intuir o óbvio: nada. Aquilo não tinha intenção alguma. Não passava de mais um rebelde sem causa, mais um indignado consigo mesmo sem saber.
Ali estava impresso o rosto da mentalidade de muitos: aquela não fundamentada, vazia. Sem qualquer motivo aparente ou implícito que devesse ser levado em consideração, que tornasse a leitura daquele papel cor-de-rosa e tinta preta algo esclarecedor à sociedade considerada desinformada. Era o clamor pela destruição nacional sem perspectiva futura ou proposta de melhoria. Uma constante.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
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3 comentários:
bom, embora eu não concorde com tudo o que fora aqui escrito, devo confessar que teus textos são realmente bons e inteligentes. ouvi algumas pessoas comentarem certa vez e não pude me furtar de dar uma marocada. rs. abraços, aline.
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ual! quanto controle! oO
Só spams são recusados. Mesmo que apareça alguém aqui xingando a minha mãe, eu aprovo comentário.
Vou repassar para Aline, ela provavelmente não recebe mais notificações do blog do Nhoque Nhoque.
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