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sexta-feira, 14 de março de 2008

Discriminação ao avesso

Dia 13 de maio, é Dia da Abolição da Escravatura. Assim como o Dia Internacional da Mulher, 10 de março, o dia 13 é uma data histórica. Dia 10 de março é Dia Internacional das Mulheres graças às grandes manifestações feitas por mulheres trabalhadoras que reivindicavam melhores condições de trabalho há mais de cem anos. Dia 13 de maio é dia da Abolição devido o marco histórico que representa a assinatura da Lei Áurea, em 1888.

No entanto, há uma singela diferença entre as duas datas. No dia 10 de março, as mulheres recebem parabéns, flores, mensagens, fazem comemorações. Já o dia 13 de maio... Responda rápido: o que aconteceria se eu chegasse, todo sorridente e bem-intencionado, para um negro e lhe dissesse: “Feliz Dia da Abolição da Escravatura!”?

Racista!
Doente!


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Em contraposição a essa data, ativistas do Movimento Negro, em homenagem a Zumbi dos Palmares, estipularam o dia 20 de Novembro, dia da morte do líder quilombola, como Dia da Nacional da Consciência Negra ou, como querem alguns, Dia do Orgulho Negro. Tal como o Dia do Orgulho Gay.

Nada contra alguém ter orgulho de ser o que é. Mas por que teriam eles a preocupação de estabelecer um dia só para sentirem orgulho de si e lutarem contra a discriminação e o preconceito quando essa deveria ser essa uma luta diária, praticada ininterruptamente? O estabelecimento de um Dia não seria desse modo uma forma de discriminação, visto que discriminar significa separar, tornar diferente? Não há um contra-senso em pregar a igualdade ao mesmo tempo em que se promove a discriminação?

Datas como essas foram feitas para se produzir na mentalidade das pessoas a idéia de uma identidade, uma artificial consciência de classe; e assim conquistar vitórias políticas. Datas que promovem o “orgulho” não têm outro objetivo que não o de se obter vitórias políticas e fortalecer os movimentos que as opóia a partir de práticas discriminatórias. O Dia Nacional da Consciência Negra existe desde a década de 60, mas só recentemente tem ganhado importância. Coincidência?

O que foram, nos últimos anos, as leis anti-racismo e a lei de cotas nas universidades e concursos públicos, senão um ganho político do movimento negro e de seus representantes? Uma expressiva vitória contra o racismo é que não foi. Ele continuará sendo praticado da mesma forma nas ruas, nas escolas e em qualquer lugar. Isso porque, sob uma visão durkheimiana, não se combate o racismo, ou o preconceito, com um punhado leis ou punições, mas com educação (em negrito).

Racista!
Doente!

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